domingo, 8 de março de 2020

O Rato Romeu e a Coruja Julieta

A turma do 4.º G da EB de Valença, com a colaboração da professora titular e o professor de apoio educativo, elaborou a história: O Rato Romeu e a Coruja Julieta com a qual  participou  no concurso Correntes d´ Escrita que decorreu de 15 a 23 de fevereiro na Povoa do Varzim.


Era no campo, num canto escondido de uma casa de quinta, numa caixa de cartão, que viviam duas ratazanas, Pedro e Inês, desenvoltas e bem instaladas na vida. À sua mercê, tinham o que roer em abundância: batatas, bolbos de dálias, nabos, diversas frutas que por ali alguém ia guardando. Cuidadosas, para não serem detetadas e perseguidas, bastavam-se com os alimentos que caíam das caixas, das partes que não apodreciam.
Pedro e Inês tinham apenas um filho, o que é estranho numa família de ratazanas, a quem chamavam, intencionalmente, Romeu: esta era uma família de ratazanas com gosto pelo conhecimento e pela leitura de clássicos. Romeu era um jovem rato, inquieto e sonhador, como todos os jovens. Muito inteligente, a Romeu não bastavam os sonhos pequenos: queria deixar de viver numa caixa de cartão e ser arquiteto. Mas Romeu tinha sido apanhado numa ratoeira quando criança, atraído por um belo pedaço de queijo e perdera uma pata. Tentações! Pedro e Inês, depois da comoção, dedicaram a sua vida a apoiar, para tudo e para sempre, o seu azarado e muito amado filho. Romeu sentia que, para se ir de casa paterna e estudar arquitetura, precisava de um modo de se fazer transportar sem ajudas de ninguém ou quase ninguém. Assim
queria, mas não imaginava como o conseguir.
A sua deficiência era inversa ao seu enorme desejo de ser feliz e alcançar o que talvez nenhum outro rato ou ratazana tivessem alguma vez sonhado em conseguir. Dos seus planos de vida fazia parte construir casas, “arquiteturratar”, como ele dizia, para afastar a compaixão dos outros e mostrar como até dos piores e pessoais males um honesto rato se pode rir.
É de crer que o destino simpatizasse com Romeu, que acreditava no acaso, porque um episódio, um acontecimento, se deu em tão boa hora, que fez Romeu aproximar-se do seu sonho principal, como meta para a vida.
Uma noite, Romeu aventurou-se no escuro do campo, sem nada mais querer que ver estrelas e sentir cheiros. De repente, viu-se perseguido por uma coruja que por ali andava.
A coruja, certa de uma vitória sobre o engodo e Romeu, fugindo em três patas, ficaram frente a frente. Os dois coraçõezinhos batiam apressadamente, um excitado, outro aterrorizado.
Romeu parou. A coruja parou. Observaram-se.
Com os seus olhos inquietos, a coruja viu o medo nos de Romeu e, como num milagre de Natal, apiedou-se com a fragilidade do pequeno rato.
Romeu arriscou e pediu: “- Não me faças mal.”
E, de um modo atrapalhado, contou toda a sua desdita, exagerando aqui e ali, para merecer o favor da salvação.
Apresentaram-se:
“- Eu sou o rato Romeu.”
“- Eu não tenho nome. Nunca ninguém me deu um. Mas, se és Romeu, eu passo a ser, para ti, Julieta.”
De verdade, Julieta era uma coruja jovem e sozinha e, neste momento da sua vida, precisava mais de um amigo que de um prato de comida.
E então conversaram. A noite, bonita e morna, deixou-os ali durante três horas, para os ouvir também, até que adormeceu quando chegou o sol.
E então, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, e tu e eu, e eu e tu, o que foi, o que será... E eu quero deixar de viver numa caixa de cartão e quero ser arquiteto e quero ir para a faculdade e não sei como...
...e eu queria ter nascido águia para voar mais alto e sempre quis ter um amigo e mais isto e mais aquilo e eu levo-te todos os dias à faculdade e vais ser arquiteto e depois vou querer morar contigo...
“- Combinado!”
“- Combinado!”
Como todas as histórias clássicas, a de Pedro e Inês ou a história clássica de Romeu e Julieta, a história sobre este Romeu e esta Julieta vai ajudar a adormecer muitas crianças, tal como ajudou a adormecer aquela noite silenciosa e ouvinte em que um rato e uma coruja inventaram uma amizade pouco provável. Sempre que alguém como o rato Romeu e alguém com frente a frente. Os dois coraçõezinhos batiam apressadamente, um excitado, outro aterrorizado.
Romeu parou. A coruja parou. Observaram-se. Com os seus olhos inquietos, a coruja viu o medo nos de Romeu e, como num milagre de Natal, apiedou-se com a fragilidade do pequeno rato.
Romeu arriscou e pediu: “- Não me faças mal.”
E, de um modo atrapalhado, contou toda a sua desdita, exagerando aqui e ali, para merecer o favor da salvação.
Apresentaram-se:
“- Eu sou o rato Romeu.”
“- Eu não tenho nome. Nunca ninguém me deu um. Mas, se és Romeu, eu passo a ser, para ti, Julieta.”
De verdade, Julieta era uma coruja jovem e sozinha e, neste momento da sua vida, precisava mais de um amigo que de um prato de comida.
E então conversaram. A noite, bonita e morna, deixou-os ali durante três horas, para os ouvir também, até que adormeceu quando chegou o sol.
E então, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, e tu e eu, e eu e tu, o que foi, o que será...
E eu quero deixar de viver numa caixa de cartão e quero ser arquiteto e quero ir para a faculdade e não sei como...
...e eu queria ter nascido águia para voar mais alto e sempre quis ter um amigo e mais isto e mais aquilo e eu levo-te todos os dias à faculdade e vais ser arquiteto e depois vou querer morar contigo...
“- Combinado!”
“- Combinado!”
Como todas as histórias clássicas, a de Pedro e Inês ou a história clássica de Romeu e Julieta, a história sobre este Romeu e esta Julieta vai ajudar a adormecer muitas crianças, tal como ajudou a adormecer aquela noite silenciosa e ouvinte em que um rato e uma coruja inventaram uma amizade pouco provável. Sempre que alguém como o rato Romeu e alguém como a coruja Julieta se conhecer, a magia do amor pode acontecer.

Alunos da EB de Valença, 4.º G





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