Olá meninos do 4.º ano!
Em sessões de Biblioteca
Escolar, com algumas turmas do 4.º ano já tínhamos iniciado a exploração da
obra: A Maior Flor do Mundo de José Saramago.
Agora convido todos
os alunos do 4.º ano a visualizar a história em vídeo. É só clicar na imagem em cima.
Também podem ler o texto com supressões em baixo.
Para melhor compreensão
desta obra irão certamente receber mais alguns desafios através da vossa
professora.
Estejam atentos e
obrigados pela vossa colaboração
As histórias para crianças devem ser
escritas com palavras muito simples… Quem me dera saber escrever essas
histórias… Se eu tivesse aquelas qualidades, poderia
contar, com pormenores, uma linda história que um dia inventei seria a mais
linda de todas as que se escreveram desde o tempo dos contos de fadas e
princesas encantadas… Logo na primeira página, sai o menino
pelos fundos do quintal, e, de árvore em árvore, como um pintassilgo, desce o
rio e depois por ele abaixo… Em certa altura, chegou ao limite das
terras até onde se aventurara sozinho. Dali para diante começava o planeta
Marte (…). Dali para diante, para o nosso menino, será só uma pergunta: «Vou ou
não vou?» E foi. O rio fazia um desvio grande, afastava-se, e de rio ele estava
já um pouco farto, tanto que o via desde que nascera. Resolveu cortar a direito
pelos campos, entre extensos olivais, ladeando misteriosas sebes cobertas de
campainhas brancas, e outras vezes metendo pelos bosques de altas árvores onde
havia clareiras macias sem rasto de gente ou bicho, e ao redor um silêncio que
zumbia, e também um calor vegetal, um cheiro de caule fresco. Ó que feliz ia o menino! Andou, andou,
foram rareando as árvores, e agora havia uma charneca rasa, de mato ralo e
seco, e no meio dela uma inóspita colina redonda como uma tigela voltada. Deu-se o menino ao trabalho de subir a
encosta, e quando chegou lá acima, que viu ele? Nem a sorte nem a morte, nem as
tábuas do destino… Era só uma flor. Mas tão caída, tão murcha, que o menino se
achegou, de cansado. E como este menino era especial de história, achou que
tinha de salvar a flor. Mas que é da água? Ali, no alto, nem pinga. Cá por
baixo, só no rio, e esse que longe estava!... Não importa. Desce o menino a montanha, atravessa o
mundo todo, chega ao grande rio, com as mãos recolhe quanta de água lá cabia,
volta o mundo atravessar, pelo monte se arrasta, três gotas que lá chegaram, bebeu-as
a flor com sede. Vinte vezes cá e lá… Mas a flor aprumada já dava cheiro no ar,
e como se fosse uma grande árvore deitava sombra no chão. O menino adormeceu
debaixo da flor. Passaram as horas, e os pais, como é costume nestes casos,
começaram a afligir-se muito. Saiu toda a família e mais vizinhos à busca do
menino perdido. E não o acharam. Correram tudo, já em lágrimas tantas, e era
quase sol-pôr quando levantaram os olhos e viram ao longe uma flor enorme que
ninguém se lembrava que estivesse ali. Foram todos
de carreira, subiram a colina e deram com o menino adormecido. Sobre ele,
resguardando-o do fresco da tarde, estava uma grande pétala perfumada… José Saramago, A maior flor
do mundo (Texto com supressões) 1
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