Não vi velha nem velhinha,
nem velhinha nem velhão.
Corre corre, cabacinha.
Corre corre, cabação!,
respondia a cabaça, enquanto ia rodando pelo caminho,
perante o olhar estupefacto do lobo, do urso e do leão.
Quem estará dentro dela, enganando as três feras?
Corre corre, cabacinha é um conto popular português de grande tradição. Conta a história de uma velhinha que, a caminho da boda da sua neta, encontra um lobo, um urso e um leão que a querem comer. Consegue convencer os animais a esperarem-na no regresso, e depois da celebração, a neta e a velhinha engendram um plano muito original para enganar as três feras.
Escritores da envergadura de Alice Vieira e compiladores de contos tradicionais lusos como Adolfo Coelho, S. Romero, A. Oliveira ou Leite Vasconcellos, têm recolhido variantes desta história em todo o Portugal e até no Brasil, cunhadas com títulos como A velha e os lobos, O macaco e a cabaça (na variante brasileira), A cabacinha ou A velha que ia na cabaça e encontrou um lobo. Em algumas destas versões os animais comem a avó, mas nesta versão optou-se por um final em que a velha e a neta, providas de engenho, humor e imaginação, conseguem superar os conflitos e dar às três feras o que elas merecem.
Com um ritmo ágil e empregando a “lengalenga” − quase um trava-línguas − presente nas versões portuguesas que ainda hoje circulam, este conto oferece muitas possibilidades expressivas de narração e representação teatral. André Letria, o conhecido ilustrador várias vezes ganhador do Prémio Nacional de Ilustração em Portugal, cria personagens com muita força e personalidade, acentuando a sua expressividade e enriquecendo as imagens com um imaginário humorístico muito definido.
Esta linda história foi trabalhada e registada pela sala 2 do Pré-Escolar.
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